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Na relação entre moda e corpo se constitui a imagem, capaz de comunicar quem somos para o mundo exterior. Contudo, ela é composta por idealizações. Padrões estéticos são induzidos e propagam comportamentos, pensamentos e como somos posicionados no meio em que estamos inseridos.
Nesse ambiente, compartilhamos algo em comum: as pessoas são influenciadas pela indústria da beleza, em várias escalas. Engana-se quem pensa que não está à mercê da pressão estética. Consegue percebê-la no dia a dia?
Você pode tentar fugir dessa influência, mas ela se faz presente seja na publicidade, no cinema, nas imagens nas redes sociais, entre outros setores. Um mercado de beleza, seja de produtos alimentares a estéticos, nutre-se da criação de inseguranças em relação à imagem. A moda ainda perpetua modelos extremamente magros como referência.
Nesses contextos, percebe-se que a pressão estética também é capaz de distorcer a imagem que temos de nossos corpos e dos corpos alheios. Se você é uma mulher gorda, a problemática social não está apenas na imagem, mas na gordofobia que se esconde - ou não- sobre diferentes formas.
A GORDOFOBIA DESUMANIZA E ROUBA DIREITOS
"Ela tem o rosto bonito, mas poderia fazer um regimezinho, né? Ficaria muito mais bonita!". Falas como essa são uma das formas em que a gordofobia se manifesta na sociedade. O preconceito em relação às pessoas de corpos gordos ganha espaço de discussão em diferentes ambientes. As ações evidenciam que ele está além de questões estéticas e se configura como uma problemática que exclui, deslegitima,retira direitos e tenta ofuscar a pessoa de corpo gordo da vida em sociedade.
Devido ao preconceito, "gorda" já se tornou algo pejorativo e uma forma xingamento enquanto que a gordura é um sinônimo de condenação numa sociedade lipofóbica. Ao ter o corpo estigmatizado, a pessoa gorda é considerada um símbolo de fracasso, feiura, preguiça e falta de saúde. Ela também é alvo de piadas e ofensas. Além disso, todos se acham no direito de se intrometer na vida alheia com conselhos sobre emagrecimento, formas de "ser saudável", etc.
Estar acima do peso se torna um desafio em diferentes faces da vida, seja nas relações amorosas, nas várias formas de interação social e no meio da saúde. A gordofobia no mercado de trabalho foi temática de um vídeo publicado pela influenciadora digital plus size,Thaís Carla. Na publicação, a influencer, que conta com mais 1milhão de seguidores no Instagram, também falou sobre a gordofobia em diferentes âmbitos da vida.
Em entrevista ao Yahoo, a Fundadora do Grupo de Estudos Transdisciplinares do Corpo Gordo no Brasil e idealizadora do Projeto "LUTE COMO UMA GORDA", Maria Luísa Jimenez Jimenez, apontou que "pressão estética todo mundo sofre, mas a gordofobia desumaniza a pessoa" (leia mais aqui). Na desumanização encontramos a perda de direitos básicos de qualquer indivíduo.
Segundo as pesquisadoras Maria Luisa Jimenez Jimenez e Juliana Abonizio, no artigo "Mulheres gordas: práticas de consumo e mercado", a pessoa perde direitos que são garantidos pela Constituição Federal de 1988 e apontado no artigo 5º, a cerca do princípio constitucional de igualdade: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade."
As investigadoras elucidam diversas perdas de direito, como através da falta de acessibilidade presente nos assentos em transportes como o avião. Outras perdas também são indicadas, como a de sentar em cadeiras confortáveis em espaços públicos como restaurantes e cinemas até em passar pela catraca de ônibus sem constrangimento.
Maria Luisa e Juliana também alertam para a perda de direito de comprar uma roupa em qualquer loja, ir numa consulta médica devido a uma dor de cabeça sem sair com diagnóstico de obesidade mórbida e com encaminhamento para bariátrica,entre outros pontos.
Desta forma, percebe-se que a culpabilização e desvalorização das pessoas gordas constituem a gordofobia. Que possamos romper com essas formas de repressão e olhar de forma mais acolhedora e respeitosa conosco e com as demais pessoas...Quem sabe assim construiremos uma sociedade acessível para todas.
